domingo, 22 de novembro de 2020

Território em foco

 

Arte de Amanda Cintra



No dia 05 de novembro realizamos o encontro Território em Foco, para observar, refletir sobre o território de São Sebastião e mapear as potencialidades e principais demandas que estão presentes na nossa comunidade. Para tanto, convidamos familiares, crianças, representantes de Organizações da Sociedade Civil, Movimentos Sociais, instituições ligadas a saúde, garantia dos Direitos Humanos, meio ambiente, artistas, professores, professoras, lideranças comunitárias, agentes culturais e outras forças atuantes no território. Foi uma oportunidade para reestabelecer os vínculos e contatos que se perderam ou se distanciaram por conta do contexto de pandemia.


O encontro foi parte de uma das atividades de formação do Programa Social Itaú Unicef o qual a Ludocriarte participa. Ao fazer esse olhar para fora, buscamos conhecer como se expressa a apropriação cultural e simbólica dos diferentes públicos e parceiros que estão relacionados à nossa organização e refletir como nos articulamos no território, junto a outros coletivos, grupos, associações e escolas, em vista de cumprir com o objetivo de promover a cultura da infância e proteger e garantir os direitos de crianças e adolescentes.

Mas por que estamos falando sobre território?

Os territórios vão muito além daquilo que pode ser delimitado por um mapa. “É por meio de tudo aquilo que é vivido e experienciado no território que o tornamos vivo – quando por ele transitamos, habitamos e existimos”. Então, são as relações e o que acontece nessas trocas que dão sentido ao território em si, a esse espaço que está delimitado por identidade e afetividade. Para Milton Santos “O território é o chão mais a identidade. A identidade é o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence. O território é fundamento do trabalho, o lugar da residência, das trocas materiais espirituais e do exercício da vida”. 



Aproveitamos a ocasião para apresentar alguns dados socioeconômicos* de São Sebastião. Onde identificamos que, dos aproximadamente 115 mil habitantes, 51% são mulheres, 53,2% se autodeclaram pardos e 11% se autodeclaram pretos. Pouco mais da metade dos moradores/as são nascidos no DF, destes, 58,9% são oriundos da região Nordeste. Identificamos também que 73,9% declararam “nenhuma dificuldade” para enxergar, 97,5% declaram “nenhuma dificuldade” para escutar; 96,4% informaram “nenhuma dificuldade” para caminhar ou subir e 99,1% reportaram não ter deficiência mental/intelectual.

Os dados acerca da escolaridade dizem muito sobre o território: 97,3% dos moradores com cinco ou mais de idade declararam saber ler e escrever; a população entre 4 e 24, 71,4% frequentam a escola e 26,4% já frequentou em algum momento, ou seja, ainda há um alto índice de evasão escolar. Esse índice se mostra claramente quando observamos que entre 06 e 14 anos, 98,2% frequentam a escola e entre 15 e 17 anos, 90% frequentam a escola. Há também um percentual relativamente alto de estudantes que estudam em escolas fora do território (21,9% frequentam escola no Plano Piloto). Acima de 25 anos, 31,3% tem Ensino Médio completo, 29% tem fundamental incompleto, 18,1% superior completo. Os dados completos estão presentes na PDAD de 2018.

Os dados nos dão um indicativo acerca dos eventuais problemas que estão estabelecidos no território, entretanto é a partir das práticas cotidianas, dos diversos entes e agentes que podemos fazer uma leitura mais próxima da realidade. Assim, levantamos algumas das principais demandas como a evasão escolar, acesso a creche, gravidez na adolescência, situações de risco, trabalho infantil, abandono, violência, depressão, desproteção social e fragilidade dos serviços ofertados pelo poder público.

As perguntas que nortearam nossa discussão foram:

  • Quais as potências e principais demandas que estão postas no território?
  • O fato de serem meninas, meninos, transgêneros, negros, indígenas ou brancos, com ou sem deficiências, faz alguma diferença na maneira de perceber o território? Como você trabalha esses vieses na sua instituição?
  • Pensando neste período de crise sanitária e isolamento social, quais
  • potencialidades do território ficaram mais evidentes nesse período? E  o que se agravou?
  • Como nos organizamos enquanto comunidade para enfrentar os problemas próprios do nosso lugar?
  • Como podemos nos articular a fim de garantir o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes?

Assim, os diálogos seguiram com a participação dos presentes que trouxeram ricas contribuições para a leitura do território.

“A gente não trabalha com criança, mas a gente faz alguns trabalhos pontuais com crianças, porque o nosso trabalho é mais voltado para a questão ambiental. Mas a gente vê, sente aqui na pele, o abandono das crianças, né? Que a gente fica lá na horta o dia todo e fica vendo o movimento das crianças, não tem atividade. Esses dias eu tava relatando isso pra um amigo que eu tava preocupada com as crianças que eu tô vendo que tão abandonadas nesse tempo de pandemia, tão muito solta. Não tá tendo aula, né?” HOSANA ALVES DO NASCIMENTO (HORTA COMUNTÁRIA GIRASSOL)

“A gente acredita que ao longo desses anos, dessas décadas, a gente pode aprender um pouquinho dessa comunidade e com essa comunidade. E o que a gente se sente e verifica na comunidade de São Sebastião é que é uma comunidade muito proativa, uma comunidade diferenciada no contexto do DF. Onde a gente vai, fala que é de São Sebastião, as pessoas reconhecem que aqui tem muita atividade, tem proatividade, tem instituições, tem movimento cultural, isso é bem interessante.” ANDERSON DINIZ GALVÃO (COMUNIDADE BAHÁ-Í)

“Minha bandeira é essa, eu trabalho com autismo, tem quase 10 anos já que eu faço atendimento clínico e meu foco é autismo, e uma das perguntas foi se as pessoas com deficiência elas tem uma forma de perceber o território e o que eu percebo é que eu não vejo nenhum tipo de projeto não só aqui em São Sebastião, quando a gente fala mais em periferia de regiões administrativas, não vejo projetos sociais voltados para isso, né? A Brinquedoteca, é a paixão da minha vida! Lá tem crianças que são neurodiversas. É uma das poucas ações que eu já vi feitas aqui na cidade contemplaram esse público.” RAYANE MARTINS (MÃE LUDOCRIARTE)

“Conhecer a rede é muito importante, até pra gente saber como que a gente vai prestar melhor apoio para aquela família que nos procura, que vai muito além das questões de saúde. São Sebastião tem uma necessidade diferenciada nessa questão social, psicossocial, e as demandas que eu mais me deparo, na questão educacional são as dificuldades escolares, dificuldades no aprendizado. Às vezes já chega com os encaminhamentos, já vem com suspeita de TDAH, Autismo e a gente precisa de apoio pra estimular essas crianças, pra dá apoio a essas famílias.” RAIGANNA (NASF)

“ O contexto de pandemia e de crise sanitária, eles mostram várias feridas, né. A gente tem um momento em que as várias desigualdades que existem, foram evidenciadas e potencializadas. Então eu vejo assim que, agravou a necessidade de termos uma cidade que realmente pense no ser humano, que pense como pessoa. Eu enxergo, por exemplo, a questão educacional. Eu enxergo que tem uma dificuldade da gente ter acesso à tecnologia, a gente tem dificuldade em ter acesso a aparelhos, a internet, pra que a gente de fato invista no tele trabalho e tenha um isolamento enquanto cidade, né. Um isolamento social. E eu fico pensando, como é difícil da gente se isolar, por exemplo, numa kitnet, em lugares que não favorecem o isolamento social. Então, pra mim, isso só potencializou a gente vê que realmente a gente tem uma cidade que precisa investir no ser humano.” MATHEUS COSTA (CED SÃO FRANCISCO)

“Há sete anos estamos desenvolvendo um projeto que acho que é um projeto muito forte e potente aqui de São Sebastião e é único aqui no Distrito Federal e a gente precisa realmente falar sobre ele, a gente precisa ser conhecido. Tem a lei 10.639, que trata da obrigatoriedade do trabalhar a questão Afro-brasileira e africanos nas escolas públicas e privadas e a 11.645 que agrega o indígena. Então, afro-brasileiro, indígenas e ciganos, tem também nas escolas. E nós desenvolvemos esse trabalho lá, pra justamente tratar a questão do racismo. E além de enxergar, ver, potencializar as crianças negras e indígenas que tem aqui na nossa cidade, é pra gente também criar, educar crianças antirracistas e levar esse olhar para as famílias, né? Porque as famílias também são impactadas. Quando eu chego na escola e uma aluna fala: - meu cabelo é de Bombril! A gente precisa problematizar isso, descobrir de onde uma criança de 4 anos trouxe toda essa bagagem e levar isso pra ser refletido mesmo, no dia da apresentação, no festival, fazer as famílias pensarem. A intenção é abrir para a comunidade todas essas questões e fazer pensar o que a gente faz no dia a dia e quebrando todo esse racismo que tem na nossa sociedade.” FRANCINEIA ALVES (MÃE LUDOCRIARTE – CEI 01 DE SÃO SEBASTIÃO)

“A gente tem, assim, à margem da 251 tem uma área muito grande pra trazer atrativo de empresas maiores, a gente tem um aeroporto que pode ser tornar um aeroporto bem movimentado lá no PADF. E a gente tem o polo agroindustrial do PADF que vai ser instalado ali, a gente vai pra 251 tem o aeroporto aqui e vai ali na DF 140 logo, logo a gente emenda com porto seco de Santa Maria. Então a gente pode envolver aí um grande trajeto de movimento comercial aí, nessa região e pode gerar emprego e renda... aqui temos um aeroporto com vários hangares, mas falta mecânico que reforme o avião, por exemplo. Então a juventude de São Sebastião podia tá se especializando na mecânica de aeronaves, na mecânica básica, tal. São coisas que a cidade tem potencial pra desenvolver, mas, às vezes, a gente não tem o caminho, né?  Tem é coisa que a gente precisa saber como envolver a cidade nisso aí, pegar esse potencial, antes que a [BR] 251 seja ocupada de forma que não sobre espaço mais para desenvolvimento econômico” WALDIR CORDEIRO (LIDERANÇA COMUNITÁRIA)

“A ideia é que realmente a gente abra o IFB para as crianças. A gente tem dentro do curso de Pedagogia alguns projetos ligados as escolas públicas de São Sebastião, realizou o evento também da jornada literária, recebeu um monte de escolas da cidade. Eu acho que o IFB veio pra cidade muito pra ser mais um equipamento não só educacional, mas cultural também, né? Para que as pessoas possam utilizar o espaço público. Então, o auditório não é só nosso... é da cidade. Pelo menos, acho que uma boa parte dos professores e o atual diretor pensam muito dessa forma, de que o IFB faz parte da comunidade e é um espaço que deve ser apropriado por todos... A gente ainda não voltou com as aulas presenciais e como a escola pública ainda não voltou, a gente tem ainda muitas alunas mães e que estão com crianças em casa e a gente tá vendo que realmente tá acontecendo um abandono das alunas nos cursos que não estão dando conta, né? Muitas trazem problemas de saúde mental, de que não estão dando conta, porque tem muitos afazeres, muitos perderam o emprego... tá sendo muito difícil pra gente lá no IFB conseguir ajudar que os alunos permaneçam. Acho que essa é a grande missão educacional, né? Que eles façam os cursos, que eles saiam com uma capacitação, com uma formação. E a missão do IFB nesse período foi o dever solidário. Então, a gente fez lá um processo um pouco parecido que eu vi que a Ludocriarte fez também, de arrecadação e a gente distribuiu cestas pras famílias dos alunos pra tentar de alguma forma ajudar nesse período.” MONICA PADILHA (COORDENADORA DO CURSO DE PEDAGOGIA IFB - CAMPUS SÃO SEBASTIÃO)

“Eu estou ouvindo aqui as falas de todo mundo e eu queria pedir licença pra poder cantar uma canção, à capela. Talvez eu consiga que de alguma forma traz um pouco assim, que eu tava pensando em compor uma canção que fosse uma espécie de We are the world de São Sebastião, com vários músicos cantando e é um projeto que eu nunca consegui levar adiante, aí, acho que vou realizar esse sonho aqui, agora com vocês. Faz de conta de que tem várias pessoas cantando Rap, alguém do Sertanejo, alguém do Pagode, tá?

No princípio era o barro e as fontes documentais

dizem que dali nascera o primeiro dos casais

O qual foi multiplicando entre alegrias e ais

até despejar na terra gente que não acaba mais

Os oleiros e as oleiras gastaram suas digitais

nos tijolos que ergueram palacetes catedrais

Até só serem lembrados nos festejos anuais

pelo caudilho da hora e os lambe botas reais

Minha cidade é pobrinha como todas as demais

mas é também muito rica de valores ancestrais

Tem avozinhas bonitas tem avozinhos legais

tem moças inteligentes e os rapazes são demais

Muitas mulheres guerreiras como não conheço iguais

muitos homens valorosos atrás dos seus ideais

Crianças correm ligeiras vigiadas por seus pais

e adolescentes se esgueiram pelas vias principais

Eita paixão antiga nas mãos dadas dos casais

Tuas veredas teus córregos que eu não esqueço jamais

Eita paixão bendita teus filhos só querem paz

Eita cidade bonita mãe da mãe das capitais

Veículos d’um tempo antigo puxados por animais

misturam se pelas ruas com carrões fenomenais

A feira livre é diversa com alguns poucos reais

você compra de um tudo e ainda leva um pouco mais

Tem gente trabalhadeira que não descansa jamais

tem muita gente ordeira apesar dos marginais

Lojas bancos prédios praças e otras cositas más

domingão tem muita bola e os cultos dominicais

Hortaliças e legumes frutas peixes e animais

são colhidas e criados nas propriedades rurais

Na roça o povo labuta nos plantios e nos currais

mas estão conectados pelas redes sociais

Tem folia tem divino tem catira e festivais

comitivas cavalgadas torneios tradicionais

Tem mutirão tem novenas quadrilhas cacuriás

xote baião e xaxado variados arraiás

Eita paixão antiga nas mãos dadas dos casais

Tuas veredas teus córregos que eu não esqueço jamais

Eita paixão bendita teus filhos só querem paz

Eita cidade bonita mãe da mãe das capitais

Minha cidade é riquíssima em projetos culturais

apesar de bem fraquinha em termos de IDH’s

Artesãs produzem rendas roupas biscuits enxovais

e o comércio multiplica profissionais liberais

Cantores de vários gêneros povoam os festivais

poetas vários infestam os saraus e os recitais

Tem pintores escultores atrizes sensacionais

cinema fotografia e as artes teatrais

Em se falando de esporte minha cidade é demais

já galgamos com orgulho pódios internacionais

Nos diversos segmentos nossos atletas locais

praticam desde golzinho até artes marciais

Nos pleitos nossa cidade é pulverizada demais

a falta de unidade é um dos males principais

Políticos compram anúncios nas páginas dos jornais

e a vida segue ligeira e não volta nunca mais

Eita paixão antiga nas mãos dadas dos casais

Tuas veredas teus córregos que eu não esqueço jamais

Eita paixão bendita teus filhos só querem paz

Eita cidade bonita mãe da mãe das capitais”

PAULO DAGOMÉ (POETA - MOVIMENTO CULTURAL SUPERNOVA)

“Acho que é fundamental ter esses espaços pra pensar o território, juntos. Não sei como é que a gente vai fazer, que formato a gente pode dar a essas discussões, mas seria muito interessante não perder essa possibilidade de troca. Isso era uma coisa que eu queria dizer. Como seria resgatar esse Fórum de Entidades ou qualquer outra coisa que represente um pouco a gente aqui, né? Não só das entidades sociais, mas as escolas. É muito bonito ver como a rede foi se criando com pessoas que estão envolvidas e interessadas com as questões do território.” PAOLO CHIROLA (PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO LUDOCRIARTE)

“Acho que uma das coisas mais bonitas que eu percebi nesse momento aí, relacionado com São Sebastião, especificamente, foi a capacidade que a comunidade local tem de sentir a dor do outro. Apesar dessa falta de unidade, da gente não saber lidar muito bem com essas necessidades de conexão, a gente ainda ta explorando e vendo as necessidades, mas quanta solidariedade foi mostrada, né. Várias pessoas já mencionaram a questão das doações de cestas básicas, das rondas que foram feitas pra ver se tem famílias precisando, os professores, né?” MARY (COMUNIDADE BAHÁ-Í)

“Eu moro aqui, embaixo da Tradicional e nós temos uma favela do lado da gente, chamada Jardim Green???, tem mais de 300, 400 famílias e cheio de crianças pra todo lado. E essas crianças estão por aí, sem nenhum forma de apoio. Já não tinha antes, imagina, o Congo Nya trabalha 104, o Brinquedoteca no 103, outro movimento pro essa lado aqui diz foi montado isso comunidade no tem. E hoje, eu tenho certeza  que o grande maioria no tem nem acesso, a aulas online e seus apoios todos só. Imagine o que a gente passa, quando a gente passa lá todo dia, o que a gente ta vendo e como essos crianças estão expostos né?... O Instituto Congo Nya, quadra 104, trabalha voltado pra questão do negro, na nossa cidade e em Brasil, em todo. A gente já fez esse trabalho, o trabalho foi bem feito, mas a gente observa vários coisas dentro do sala de aula que a gente não esperava de ter, não esperava de encontrar depois de tantos anos, depois de tantos protagonismos e esses tipos de coisas. A gente vê que o trabalho não para por aí, entendeu? Tem que continuar e tem que ser identificado e precisamos muito mais pessoas envolvidos nelas, especialmente na nossa área, porque a gente sabe que qualquer situação, qualquer problema grande, acontece em sociedade, o parte da sociedade em que é mais afetado é a parte mais baixa. E o grande maioria somos nós.” SHERWIN MORRIS (INSTITUTO CULTURAL CONGO NYA)

“O que é interessante pra essas crianças é o contato. É poder encontrar o monitor, é poder brincar, é poder fazer atividade, a interação pessoal, física ali entre o outro. Porque esse afastamento é muito complicado, né? Principalmente pra esse público, né? Além de crianças, jovens, a questão tá bem séria mesmo. E a questão de recurso também, são vários fatores, né? Que complica a questão dos nossos trabalhos aqui em São Sebastião.” MARGOT RIBEIRO (INSTITUTO CULTURAL CONGO NYA)

  


 O evento finalizou com uma atividade artística, onde os presentes foram convidados a escolherem 3 palavras e fazerem um desenho que representasse os seus desejos para São Sebastião. O resultado também foi muito valioso pra nós como uma leitura do afeto, amor e carinho que temos por esse nosso lugar. Aqui, alguns dos resultados da atividade:










*FONTE: CODEPLAN – PDAD 2018.

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