São Sebastião, localizada no
Distrito Federal, se destaca como um verdadeiro celeiro de artistas, abrigando
uma diversidade de talentos que vão desde produtores culturais, fotógrafos, dançarinos, atores,
cineastas, músicos, artistas plásticos, artesãos até poetas e escritores. A
cidade é reconhecida como um polo de arte e cultura, contando com diversos
Pontos de Cultura e uma vibrante cena artística e cultural.
A dança é uma expressão marcante
na comunidade, com destaque para as renomadas Quadrilhas Juninas que conquistam
reconhecimento regional e nacional. O Projeto Garatuja, com mais de 16 anos de
atuação, oferece oficinas de balé e dança contemporânea para crianças e jovens.
Além disso, a Via Sacra e o Reisado são importantes manifestações
culturais de cunho religioso que, anualmente, movimentam milhares de pessoas.
A diversidade musical é
riquíssima, abrangendo desde o forró e sertanejo (com importantes eventos de Rodeio
e de culturas populares como o Sertão Sebastião), até o cenário do reggae com o
Reggae na Praça, do samba, com o Samba da Vela, e do rock com bandas como
Niilismo, Miss Mestiça, Indigentes e Indecisos e Skate Favela. No entanto, esses
diversos grupos e bandas de rock, reggae e samba enfrentam desafios, estando
fora dos principais circuitos culturais que valorizam o sertanejo e o forró,
além da falta de espaços adequados para ensaios.
Um dos poucos eventos que
oportunizam apresentações de bandas iniciantes, autorais e estilo alternativo, abarcando toda as manifestações artísticas, é o tradicional Domingo no Parque, realizado pelo Movimento Cultural Supernova (uma
das mais antigas instituições culturais da cidade), que ao longo dos últimos 13
anos já mobilizou centenas de artistas e milhares de pessoas. O evento além de
cultural é também ambiental, chamando a atenção das autoridades para a
revitalização do Parque do Bosque.
As experiências populares de
fruição e difusão literárias se dão a partir de projetos como a Biblioteca do
Bosque, uma das poucas Bibliotecas públicas que temos na cidade. A Biblioteca mantém
ao longo dos últimos 5 anos a Feira Literária da Biblioteca do Bosque. Tal
iniciativa incentivou a realização da FLIC – Feira Literária do Capão Comprido,
levando assim o contato com a literatura para a área rural de São Sebastião. A Feira
do Vale também se destaca como uma importante iniciativa de fruição literária e
que agrega dezenas de artistas e empreendedores locais. Esses projetos surgem
como importantes espaços para a fruição literária e apoio à economia criativa.
A cultura hip-hop está presente e
viva na cidade há muitos anos, tendo o Rap como um dos principais pilares, com
grupos consagrados na cidade como Atitude Feminina e Imagem de rua. O movimento
ainda é forte na cidade e é alimentado pelas batalhas de rima que acontecem
semanalmente na cidade. A cidade conta também com uma importante rádio
comunitária que difunde a arte e cultura local por meio das ondas de rádio.
A cultura afrobrasileira é
preservada por coletivos como o Congo Nya, responsável pelo Afroexplô, evento
que inclui diversas apresentações artísticas que valorizam a comunidade preta e
um desfile de moda africana costurada por talentosas costureiras locais e que
exaltam a beleza negra. Destaca-se também o Odu Festival de Arte Negra, realizado por artistas independentes e o Festival da Cultura Afrobrasileira e Indígena realizado pelo Centrinho.
A cidade conta também com uma
rica história que se mescla à história da construção de Brasília e que é
contada e preservada através de um importante projeto de resgate e preservação patrimonial,
o projeto Memórias Oleiras que funciona como um museu virtual. Além disso, cidade está perto de ter seu primeiro patrimônio histórico cultural tombado: a Cruz do Morro
da Cruz.
A expressão artística urbana é
enriquecida por instituições de muralismo como o Instituto Metamorfose, o
Instituto Nivaldo Nunes e o coletivo Defenestra Stencil, além de artistas
independentes como David Aires e diversos grafiteiros que embelezam a cidade com obras pelos muros.
As mulheres fortalecem a cena cultural da cidade por meio de projetos como a Casa Luar e o Sarau das Sebastianas.
A RA conta também com
projetos socioculturais voltados para a cultura da infância como os realizados
pela Associação Ludocriarte e o seu tradicional Festival artístico-cultural que
dá protagonismo cultural para crianças e jovens que compõem músicas, gravam
videoclipes, produzem curtas e publicam livros.
São Sebastião ainda se destaca na
produção audiovisual, com eventos como o Supercine de apoio ao cineclubismo que
já movimentou mais de 2 mil estudantes e professores em ações de introdução à
linguagem cinematográfica e à experiência do cinema e o Festival Chica de Ouro,
que há 10 anos vem incentivando a produção de mais de 400 curtas por jovens
estudantes.
Apesar dessa riqueza cultural, a
cidade enfrenta desafios significativos. A ausência de cinema, teatro, museu, centro cultural e espaços adequados para a difusão cultural, impacta negativamente a cena artística. A cidade ficou dois
anos sem um gerente de cultura e quase três sem o Conselho Regional de Cultura
(CRC). Em 2023 a comunidade cultural se uniu e conseguiu realizar eleições para
a gerência de cultura e em 2024 foi recomposto o Conselho Regional de Cultura.
Mas ao longo desses últimos anos o que a comunidade cultural tem visto é o descaso da Administração Regional de São Sebastião que não apresenta transparência nem resultados positivos para a cultura.
A cidade clama por políticas
públicas que fomentem espaços como Fórum de Cultura e o Conselhos Regional de Cultura.
A transparência em relação aos projetos e eventos, através do Fundo de Apoio à
Cultura (FAC), é uma necessidade urgente. A comunidade almeja pesquisas que
ofereçam visibilidade sobre os projetos realizados em 2023, mapeando áreas de
atuação e identificando o investimento financeiro total.
São Sebastião, apesar dos
desafios, é um exemplo vivo de como a cultura floresce e persiste mesmo em meio
à carência de infraestrutura e apoio institucional.
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