Mais
uma vez assistimos estarrecidos as declarações do atual Presidente da República
Jair Messias Bolsonaro, durante o podcast Paparazzo Rubro-Negro, na qual comenta
sua vinda a São Sebastião, no Setor habitacional Morro da Cruz, onde relatou
ter encontrado “menininhas de 14/15 anos” e que depois de ter “pintado um
clima" dirigiu-se até uma casa onde haviam outras mulheres se arrumando.
Ele indaga, em tom moralista, o porquê essas mulheres estariam se arrumando em
um sábado de manhã, insinuando que havia ali prostituição. Tal declaração não
condiz com a verdade e reflete todo o preconceito e despreparo do presidente
para lidar com um problema crônico encravado no seio da nossa sociedade: a
exploração sexual de crianças e adolescentes.
Na
tentativa de usar a situação de vulnerabilidade em que as jovens e mulheres se
encontravam a fim de instrumentalizá-las em benefício de sua campanha,
Bolsonaro fez uma fala leviana e preconceituosa que agrava ainda mais a
situação de vulnerabilidade das jovens imigrantes que vieram ao Brasil em busca
de melhores condições de vida, mas agora encontram-se expostas na mídia
nacional devido ao descuido e irresponsabilidade daquele que deveria resguardar
seus direitos.
É
preciso esclarecer que a casa abrigo visitada pelo presidente abriga atividades
de acolhimento e ação social e não de prostituição infantil. E se, por ventura,
houvessem indícios de violação, a atitude correta do chefe maior de Estado
seria acionar os órgãos competentes para averiguar a situação e tomar medidas
legais para enfrentar o problema. Nada disso foi feito. Demonstrou um total de
zero empatia, o que é reflexo do seu governo, onde observamos o abandono das
políticas de proteção e garantia de direitos de crianças e adolescentes,
levando o Brasil a ocupar a segunda posição no ranking mundial de exploração
sexual de jovens e crianças, com aproximadamente 500 mil vítimas ao ano. Além
disso, fez um corte de 95% para as políticas do SUAS e no orçamento do programa
de combate ao trabalho infantil.
Esse
lamentável fato protagonizado pelo chefe do Poder Executivo só evidencia a
urgência de se investir na defesa das infâncias e juventudes. Hoje, a
comunidade de São Sebastião está na luta para preservar a integridades das
jovens venezuelanas, cuidando para que não sofram as consequências da superexposição
na mídia nacional. Assim, repudiamos com veemência as insinuações preconceituosas e
levianas do atual presidente e reitero o compromisso de se manter ativo na luta em defesa da garantia e proteção dos direitos de crianças e
adolescentes, sejam elas brasileiras ou imigrantes, e na construção de uma ampla
articulação com escolas, projetos, instituições socioculturais e toda a rede de
proteção da cidade.
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