A Associação Cultural e Ponto de Cultura Supernova esteve reunida entre os dias 14 e 16 de fevereiro em Olhos D’água/GO, para estruturação interna e planejamento estratégico para o ano de 2020. O convite a essa pequena cidade, distrito de Alexânia-GO, foi feito pela doutoranda em Políticas Culturais, Território e Redes no Distrito Federal, Pâmela Elizabeth Morales Arteaga. A imersão aconteceu no NACO – Núcleo de Arte do Centro Oeste, espaço dedicado a artistas, pesquisadores, críticos e curadores do Brasil e do mundo com o intuito de fortalecer as redes de saberes culturais.
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Foto: Isaac Mendes |
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Foto: Calcifér Zecaiê |
Iniciamos os trabalhos na manhã de sábado com um aquecimento corporal proposto pelo coordenador geral da Associação, Ricardo Caldeira. Em seguida, Isaac Mendes e Paulo Dagomé apresentaram um panorama histórico do coletivo Supernova: a trajetória dos Radicais Livres/AS até a cisão e criação da Supernova, da formalidade à informalidade, prêmios, principais projetos, parcerias, eventos e desafios que enfrentamos e vencemos ao longo dos 10 anos da existência do grupo.
A partir dos princípios da Geocultura e utilizando a cartografia para compreender a complexidade da relação entre território e cultura pelo viés das Políticas Públicas, Pâmela Arteaga nos apresentou seu Projeto de Pesquisa de Doutorado que investiga como o território é entendido na fricção entre os atores culturais em sua relação horizontalizada e verticalizada com os instrumentos de Política Pública Cultural como FAC regionalizado e Plano de Cultura do DF. Para tal, utiliza como grupo focal o coletivo Supernova, por ser uma referência de como a cultura consegue interferir positivamente no espaço, trazendo soluções criativas para resolver problemas e promoção da cidadania. Porém, a pesquisadora alerta para alguns desafios que estão postos como: as relações de poder, o pensamento colonialista, as pautas identitárias, o idealismo, se burocratizar, a comunicação etc.
A pauta da tarde abordou questões pendentes dentro do grupo no âmbito das relações e assuntos não resolvidos. A discussão contou com a mediação de Pâmela Arteaga e Walace Pantoja, Professor da Rede de Educação do Estado do Pará.
Nos intervalos pude explorar um pouco da cidade. Sábado pela manhã aproveitei para conhecer a Escola Municipal Geminiano Ferreira de Queiroz que estava com atividade extra para o ensaio do bloco de carnaval O Pinto Caipira. Conhece o Babi e a Celma que falaram sobre o Jabuti Bumbá e o Pedro Samambaia. Também consegui um tempinho para visitar a feirinha na praça central, com as artes, uma mais linda que a outro, dos diversos artesãos e artesãs da região.
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Foto: Isaac Mendes |
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Foto: Isaac Mendes |
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Foto: Isaac Mendes |
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Foto: Babi |
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Foto: Isaac Mendes |
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Foto: Isaac Mendes |
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Foto: Isaac Mendes |
No sábado à noite realizamos o Sarau Supernova – Edição especial NACO. O evento aconteceu no terraço da sede do Núcleo de Artes do Centro Oeste e contou com a participação de diversos artistas do coletivo Supernova. Dagomé e Calcifer Zecaiê abriram o evento com canções autorais para, em seguida, o palco improvisado ser ocupado com muita música, poesia e contação de histórias. A poeta Nanda Pimenta fez reverberar sua imensa potência poética pelos quatro cantos de Olhos D’água. O Grupo Negra aproveitou a ocasião para encenar a versão sansebastianense do poema de Vitória Santa Cruz: Gritaram-me negra. Priscilla Sena e Johanny Cássia recitaram poesias, Calcifer Zecaiê divulgou seu mais recente trabalho, o zine “Se tem um bicho que fala é o homem”, Leandro apresentou pela primeira vez como artista Supernova, devana babu tomou da guitarra e mandou da MPB ao grunge e Isaac Mendes também aproveitou o espaço livre para arte para cantar e contar. O sarau contou também com a participação de artistas brasilienses como Eliana Carneiro (Cia os Buriti), Rêgo Junior, Soledad Garcia e Nina (Cia Lumiato), Beré (Udi Grudi) e o palhaço Zoró.
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Foto: Isaac Mendes |
Aproveitamos a manhã de domingo para conhecer um pouco mais da pitoresca cidade goiana. Conhecemos o trabalho da artesã Fatinha Bastos que transforma a palha do milho nas mais belas peças de arte: imagens sacras, bonecas, porta-guardanapos, mandalas, bailarinas, bruxas, orixás, flores etc. Ao lado dessa loja fica o Bar Museu, cujas paredes estão estampadas de cima a baixo com frases, fotos, memórias e, claro, muitas garrafas de cachaça. Uma curiosidade é que uma das linhas imaginárias do tratado de Tordesilhas passa em frente a esse bar. A cidade conta hoje com diversos moradores vindos de Brasília e outros que possuem residência no local, mas a usam apenas para passar finais de semana e feriados. Uma dessas pessoas é a Eliana Carneiro que nos convidou para conhecer sua simpática casa. Visitamos também a casa de dois grandes artistas do teatro de sombras: Thiago Bresani e Soledad Garcia, da Cia Lumiato.
Deixamos aqui nossos agradecimentos especiais a Pâmela Arteaga que nos convidou e possibilitou essa experiência. A Wallace Pantoja que mediou discussões importantes para o grupo. A Eduardo Cabral, nosso anfitrião e idealizador do NACO, a Fatinha Bastos e toda a equipe de alimentação e a Thiago Bresani que garantiu as deliciosas pizzas para o nosso sarau.
Fotos: Nanah Farias
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