No primeiro
dia do II curso de formação Supernova, que aconteceu nos dias 02 e 03 de Fevereiro, na chácara ASEMPT, fizemos uma série de questionamentos para
podermos chegar a um consenso a cerca da nossa identidade:
Concordamos
com a perspectiva pós-modernista de Touraine? O supernova é uma minoria? A
gente se afirma como oprimido, mas oprime? Nós somos uma minoria dentro de São
Sebastião? Como tratamos as minorias? Temos como meta a transformação. Mas que
tipo de transformação essa sociedade quer? Essa comunidade quer ser
transformada? Até que ponto nós estamos abertos para receber novos integrantes
no grupo? Elegemos as pessoas? Nós
elegemos uma arte de qualidade? O supernova é uma minoria que oprime minorias
que já são oprimidas? Nós somos abertos para a comunidade? A comunidade pode
chegar até nós? Nós somos uma minoria ou somos uma elite? O que nos torna
elite? O que é ser elite? O supernova está atuando como sujeito na emancipação
cultural de seus indivíduos? De que forma o supernova atua como sujeito
libertador? Nós enquanto sujeitos, queremos influenciar todas as instâncias das
quais falamos? O que o grupo supernova almeja alcançar e especificamente através
das ações na comunidade? Nós somos provocadores dos indivíduos? Queremos
influenciar a cidade de São Sebastião como um todo ou apenas aqueles se tornam
membros do grupo? Qual é a missão da supernova?
Respondemos
bem a essas questões, mas, sobretudo, nos ouvimos uns aos outros. Discordamos, concordamos,
ficamos neutros. Absolutamente normal, pois faz parte de todo esse processo.
Foi
gratificante poder participar desse momento de interação com as pessoas do
nosso movimento. Trocar ideias, apresentar nosso trabalho artístico, brincar,
ensinar, aprender, ser literalmente companheiros. Precisamos dessa vivência
cotidianamente; assim nos fortalecemos, definimos melhor nossas ações, saímos
do discurso e passamos para a ação. Acredito que o curso cumpriu com seus
objetivos, que de acordo com Paulo Freire “toda prática formativa tem como
objetivo ir mais além de onde se está.”.
Gostaria de
compartilhar aqui um pouco das reflexões que fiz sobre quem somos nós, a partir
das provocações, questionamentos, diálogos, debates ocorridos no nosso curso de
formação.
A primeira
coisa é: nós não somos apenas o sarau. O nosso movimento sociocultural faz muito
mais que sarau. Nós queremos fazer um trabalho de ação social. É achar no
xadrez, no teatro, na poesia, na música, na educação, no vôlei, um espaço para
se reconhecer enquanto sujeito. A partir do momento que nos transformamos em sujeitos,
entendemos melhor a comunidade em que vivemos, falamos melhor, desatamos a
língua e abrimos a mente, tendo a possibilidade de compreender conceitos,
discursos complexos sobre a sociedade, sobre a política, cultura, relações de
poder etc.
Qual o nosso
objetivo com todas essas atividades que propomos? Nós nos reunimos para fazer
esses eventos com uma proposta, temos, cada um, uma ideia do que queremos. E
sabemos que não é simplesmente fazer arte ou mostrar às pessoas que nós fazemos
algo "legal", que existem outras coisas além do sertanejo, funk ou pagode. É,
sim, proporcionar às pessoas uma oportunidade de ver apresentações legais de
artistas da cidade; é fazer com que artistas, que estão fora do cenário
cultural hegemônico, tenham um espaço para mostrar a sua arte e a oportunidade
de crescer profissionalmente (gravar um CD, DVD, ser reconhecido na cidade como
a pessoa que faz arte); promover debates, diálogos, cursos, oficinas, cinedebates, rádiodifusão... fazendo com
que as pessoas se conheçam, interajam e tenham uma opção alternativa de
entretenimento, através da Noite Supernova, por exemplo. Mas outros eventos e
outras ações do nosso grupo nos levam além nas discussões sobre o que queremos
enquanto movimento.
E o que eu
quero enquanto integrante do movimento? Possibilitar às pessoas da nossa comunidade ferramentas, caminhos, meios, alternativas de saída do senso comum à consciência filosófica, que através
da arte as pessoas possam aprender a ler e reconhecer o mundo, a realidade onde estão inseridas, questionar, se tornar melhores, decididas a lutar para
que as prioridades desse mundo globalizado se voltem para a humanidade, as crianças e adolescentes, a natureza e a solidariedade. E através da minha práxis, possibilitar
o desenvolvimento de uma sociedade de cidadãos com clareza política, que conheçam a história do País e as raízes autoritárias da nossa sociedade. Procurando sempre estar inserido nos principais
debates da cidade, através dos conselhos, das escolas, brinquedotecas, pontos de
cultura, Fóruns, coletivos etc. firmando parcerias que que tenham como objetivo uma sociedade harmônica, agindo
contra a hegemonia. Participar do movimento é saber que precisamos nos apoiar.
Parabenizo todos
os integrantes do Movimento sociocultural Supernova por ser essa pluralidade
de beleza única e a todos que atuaram para fazer acontecer o II curso de formação Supernova. Valeu!
Ero Tori!
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