Narradores de Javé: tempo, sujeito e fonte históricos.


Para fazer uma relação entre tempo histórico, sujeito histórico e fonte histórica faço uma imersão ao historicismo, que é uma corrente especifica diferente do positivismo e marxismo, mas pode se aplicar tanto a uma quanto a outra, sendo esta uma abordagem dos fenômenos e das culturas humanas. Fundamenta-se na noção de que as configurações do mundo, num dado momento presente, sempre são resultado de processos históricos e transformação do mundo que são passíveis de ser mentalmente reconstruídos e compreendidos.
Todos estamos imerso no curso da história e por isso somos sujeitos históricos e para conseguirmos uma compreensão da nossa realidade não podemos ser neutros, posto que não existe uma verdade objetiva, neutra; existem  verdades que resultam de um ponto de vista particular. Mas o homem estuda a si mesmo enquanto sujeito histórico e estuda a si mesmo nesse processo, diferente das ciências naturais em que o homem estuda um objeto que lhe é exterior. 
Nas ciências sociais há a necessidade de não somente explicar os fatos sociais, mas também de compreendê-los. As ciências sociais são produtos históricos e tem sua validez historicamente limitada. Todavia a história é uma emaranhado de pensamentos, tradições religiosas, afirmações metafísicas, sistemas teóricos etc. que não conseguem se juntar formando um único e verdadeiro pensamento. Haverá sempre uma eterna contradição nas linhas de pensando e formas de perceber o tempo histórico e cada um de nós somos responsáveis por pintar o próprio quadro da realidade.

No filme Os narradores de Javé conhecemos a saga dos moradores do Vale de Jávé que se veem num dilema. Eles precisariam de provas científicas, objetivas para poder provar a existência daquele povoado e que este faz parte da história do mundo, evitando assim que seja inundado por causa da construção de uma represa. As autoridades competentes lhes solicitaram que escrevessem um documento científico que contasse o processo histórico de formação daquele vilarejo. Nesse documento, a fonte histórica, deveria conter os grandes acontecimentos de valor e nomes dos personagens mais importantes da história daquele lugar, pois só assim a sua veracidade histórica poderia ser aceita perante a grande história. Para isso chamaram o único morador da cidade que sabia escrever para, através da narração de cada morador, juntar os fatos e produzir tão importante documento. Mas o escriba se viu numa enrascada, pois ao juntar dados de como se formou Javé ele é bombardeado por uma série de pontos de vista, cada um com a sua verdade. Biá talvez tenha se encontrado na mesma situação que Dilthey em seu sonho, quando este tentou conciliar o pensamento de grandes filósofos. 
Assistam este belíssimo filme brasileiro. Duração: 100 min. Direção: Eliane Caffé

Eu Isaac

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