Direção: Aamir Khan, Amole Gupte
Roteiro: Amole Gupte
Elenco:Aamir Khan (Ram Shankar Nikumbh), Darsheel Safary (Ishaan Awasthi), M.K. Raina (Diretor), Sachet Engineer (Yohaan Awasthi/Dada)
Como estrelas na terra (toda crianças é especial) é um filme
emocionante.Conta a história de Ishaan Awasthi, um garotinho de apenas nove
anos, dislexo, e por isto, com mau desempenho escolar, mas com um talento incrível
para pintar. Repetiu duas vezes a terceira série e isto para seu pai é algo
inaceitável, então resolve coloca-lo numa escola internato, pois acredita que
só assim seu filho vai aprender a ser mais atento e menos preguiçoso e se
igualar ao seu outro filho que é o primeiro em todas as matérias.
Na nova escola
Ishaan sente-se cada vez mais sozinho e abandonado e sofre com a incompreensão
de seus professores que simplesmente não entendem a sua dificuldade e agem com
agressividade e punições. Assume então uma postura introspectiva, calada,
triste, já não quer mais participar nem da aula de artes, até que o professor
desta matéria, Nikumbh, que tem um método de ensino bastante diferenciado dos
demais professores “escolásticos” do internato, percebe que há algo de especial
em Ishaan e se dedica a ajuda-lo. Passa então a dar aulas particulares para ele
que vai progredindo no ensino do letramento. O clímax do filme se dá no
campeonato de pintura que Nikumbh promove.
A trilha
sonora do filme é representativa; vívida e tocante nos sensibiliza para a
história desse garotinho. As que mais me emocionaram foram: Taare Zameen Par
(Que no filme começa com uma criança dizendo: “Hoje vamos abrir as janelas do
coração e olhar lá dentro e ver como pequeninas gotas de chuva encontram o sol
formando um arco íris, alegria e diversão”), que é o título do filme em hindi,
e Maa (mãe) que me fez desmanchar em lágrimas, ambas interpretadas por Shankar Mahadevan.
O que é a dislexia? Quantos Ishaans existem por aí? E quantos professores não
conseguem agir da mesma forma como o Nikumbh e se dedicam a resolver o problema
dos seus alunos? Temos que refletir muito sobre a nossa responsabilidade, educadores e futuros educadores, ao lidar com
casos como esse, sem causar danos à educação dessas pequenas estrelas na terra.
O filme deixa evidente
a competência do professor Nikumbh, a boa escola em que trabalha, o tratamento
afetivo que dispensa a cada um dos seus alunos, o olhar mais atento, o rápido
diagnóstico feito por ele (E só quem pode diagnosticar - pelo menos no Brasil -
casos como o de dislexia são os psicopedagogos, o professor não pode. Na certa,
então, Nikumbh além de ter habilitação em artes é também psicopedagogo), das tantas
ferramentas pedagógicas que utilizou no auxílio ao problema do seu aluno. Como
formar educadores capacitados para lidar dia a dia com milhares de “Ishaans”, não
deixando assim perderem-se essas pequenas estrelas na terra?
1. A questão da relação família, escola e
educando:
Ishaan é proveniente de uma família classe
média-alta e talvez, por isso, a grande preocupação e rigidez do pai em que seu
filho fosse o melhor, se desse bem nos estudos, fosse um bom competidor. O pai
de Ishaan simplesmente ignorava o que estava acontecendo com seu filho, não
tinha conhecimento suficiente para fazer um diagnostico e não queria aceitar
que seu filho tivesse algum tipo de “distorção mental” e por isto não se
tornasse um bom trabalhador ou uma pessoa bem sucedida, como ele.
A primeira escola de Ishaan adota um método
atrasado de ensino. Professores preocupados em abarrotar o aluno de
conhecimento, que gritam com seus alunos, os humilham, tudo em nome da ordem e
da disciplina. E quando chamam os pais para uma conversa dizem que não tem mais
jeito de continuar com Ishaan daquela forma, sem sinais de progressão. E não
consegue passar um bom diagnostico pros pais do garoto (dizem que a leitura e a
escrita são como castigos para ele, que ele nunca presta atenção às aulas, o
tempo todo pedindo para ir ao banheiro ou beber água), que ficam sem entender qual
o problema dele. O pai acha que as turmas estão muito cheias e por isto a
professora não conseguia dar a devida atenção para seu filho.
Ishaan fica mais confuso ainda quando seu pai
resolve o manda-lo para uma escola internato. E passa a sofrer bastante, tendo
pesadelos em que se perde da mãe. E chora, pede pra não ir, pois ele vai
melhorar. Mas ele não tem voz nem vez.
2. O olhar do professor sobre o
desenvolvimento do educando:
Nikumbh é um
professor diferenciado, com um bom domínio pedagógico. Achei interessante a
forma como ele se apresentou para a turma e utilizou a música como recurso para
cativar seus alunos e envolve-los numa aura de fantasia e magia, fazendo-os se
sentirem mais livres. E quando percebe que um dos seus alunos não está
acompanhando o ritmo das atividades procura uma maneira de reverter essa
situação. A aula planejada para trazer ao conhecimento de Ishaan o que poderia
ser o seu problema nos mostra como esse professor dominava bem sua práxis. Alguns pontos me chamaram atenção no interesse
do professor pelo aluno: Ele se viu em Ishan e conseguia perceber muito bem o
que este estava sentindo no ítimo do âmago, do centro e sabia que não era nada
feliz. Mas pressupõe-se do professor que este se interesse por cada aluno,
busque conhecer suas motivações e seus contextos culturais. (DEMO, educar pela
pesquisa, pp. 17).
Nikumbh se
dedica então a encontrar uma solução para o problema do seu aluno e traça um
plano de ação. Conversa com o diretor da escola e sugere que este converse com
os demais professores para que olhem de outra forma o que julgam ser um
problema disciplinar de Ishaan, procura os pais dele para saber o tanto que
eles estão dispostos a contribuir para o desenvolvimento de seu filho.
Quando o pai de Ishaan vai até a escola para conversar com o professor dizer que a mulher dele leu tudo sobre a dislexia mostrando assim que eles se importavam com o problema do garoto, Nikumbh lhe dá uma lição bem fundamentada, polida, elegante, verdadeira, que eles não se importavam.
3. O
desenvolvimento do sujeito no contexto escolar:
O bom desenvolvimento de Ishaan se deu, sem dúvidas,
por conta do olhar atencioso do seu professor. Os demais professores,
acostumados talvez com aquele método de impor, empurrar conhecimento pros seus
alunos, simplesmente ignoraram o que poderia estar acontecendo com aquele
garoto. Simplesmente o achavam atrasado, devagar, talvez até burro. E isto, sim, era o atraso de Ishaan.
Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de
ser e de aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes
arguta e até genial, mas que aprende de maneira diferente.
eu amei esse filme, minha professora de sociologia me indicou e acho que foi um dos melhores filmes que já assisti fico contente com mais pessoas o divulgando, a e ótimo blog.
ResponderExcluirRealmente, este filme é maravilhoso....
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