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Foto: Isaac Mendes |
Brasília sediou, nos dias 22 e 23 de fevereiro de 2025, a 5ª Conferência Distrital do Meio Ambiente, reunindo representantes da sociedade civil, gestores públicos, ambientalistas e especialistas. O evento, realizado na Unidade-Escola de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (Eape), teve como objetivo discutir estratégias para enfrentar as mudanças climáticas e fortalecer a governança ambiental no Distrito Federal.
A conferência distrital foi uma continuidade da 5ª Conferência do Meio Ambiente das Regiões Administrativas do Distrito Federal (CMARA-DF), realizada em 24 de janeiro de 2025. Com o tema "Emergência Climática: o Desafio da Transformação Ecológica", o evento seguiu a metodologia da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), definida pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Os debates foram estruturados em torno de cinco eixos temáticos: Mitigação, Adaptação e Preparação para Desastres, Justiça Climática, Transformação Ecológica e Governança e Educação Ambiental.
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Foto: Isaac Mendes |
A etapa distrital teve a missão de revisar e reformular dez propostas, duas por eixo temático, que serão encaminhadas à conferência nacional prevista para maio deste ano. Durante as discussões, foram apresentadas soluções para a redução de emissões de carbono, melhoria da infraestrutura verde no DF e fortalecimento de políticas de educação ambiental. As 20 propostas priorizadas estarão disponíveis no site da Secretaria do Meio Ambiente.
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Rafaela Moraes |
Eleição conturbada dos delegados
A escolha dos delegados e delegadas representantes da sociedade civil gerou tensão e prolongou-se além do previsto. O evento deveria encerrar-se às 18h, mas até as 21h, os representantes ainda não haviam sido eleitos. O processo foi marcado por discussões acaloradas, demonstrando divergências entre os participantes sobre a composição da delegação que representará o DF na etapa nacional. O principal motivo para essa exaustão foi o fato de que ficou a cargo da sociedade civil fazer todas as adequações de diversidade estabelecidas pelo regimento, sem um método pré-definido que auxiliasse nesse trâmite. Essa falta de planejamento e execução eficaz por parte dos organizadores resultou em uma gestão de tempo ineficiente e dificultou o andamento da conferência.
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Foto: Ludmila Correia |
Para Emilly Oliveira, representante da COMDEMA-Planaltina, um grupo, para entrar em alinhamento, demanda tempo e ritos pre-definidos. "Temos tantas conferências acontecendo. Deveria haver um protocolo, sabe? Para esse rito de Conferência."
O episódio evidencia a necessidade de aprimoramento dos processos de participação social e gestão democrática na área ambiental do Distrito Federal. Uma organização mais eficiente e protocolos mais bem definidos poderiam garantir que futuras conferências ocorram de forma mais fluida e produtiva.
Por outro lado, Ludmila Correia, integrante e cofundadora do PANÃ Arquitetura Social, acende um alerta sobre essa problemática. Ela reconhece o esforço dos técnicos da SEMA, mas aponta a desorganização e a falta de diretrizes claras como fatores que podem ter contribuído para o caos na votação. Segundo ela, a indefinição sobre as categorias de participação e a falta de alinhamento entre a comissão organizadora local e a nacional podem ter gerado confusão.
Ludmila sugere que o regimento deveria ter sido discutido e aprovado já no sábado, evitando dúvidas e impasses no momento da eleição. "A gente devia ter discutido o regimento no sábado para poder aprovar e daí seguir o rito", afirmou. Além disso, menciona que até mesmo os organizadores pareciam desinformados, pois recebiam orientações contraditórias. Ela alerta que, se os problemas não forem registrados e avaliados, a Conferência Nacional pode enfrentar desafios ainda maiores.
Essa análise reforça que, embora a SEMA tenha sido responsável pela condução do processo, a falta de uma comunicação eficiente vinda do Governo Federal pode ter comprometido o andamento da conferência.
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Foto: Ludmila Correia |
Fake news gera constrangimento
Um incidente curioso e preocupante marcou a conferência. O subsecretário de Gestão Ambiental e Territorial, Renato Santana, anunciou, diante de cerca de 300 pessoas, o falecimento do Papa Francisco, solicitando um minuto de silêncio. Muitos presentes acataram a solicitação, mas logo descobriram que a informação era falsa. Minutos depois, o subsecretário corrigiu-se e pediu desculpas pelo equívoco, atribuindo o erro à disseminação de fake news.
O episódio levantou questionamentos sobre a responsabilidade de autoridades na checagem de informações antes de divulgá-las. Fake news têm o potencial de gerar desinformação, alarmismo e impactar decisões públicas. A falha expõe a necessidade urgente de um combate eficaz à propagação de informações falsas, principalmente dentro de órgãos governamentais.
Apesar dos desafios e polêmicas, a 5ª Conferência Distrital do Meio Ambiente representou um avanço na construção de estratégias para enfrentamento da crise climática e fortalecimento da governança ambiental no DF. A expectativa é que as propostas aprovadas contribuam para políticas mais sustentáveis e efetivas na área ambiental.